23 de jan. de 2016

Ir ao cinema sozinha (o)

Antigamente (há uns 15, 20 anos no máximo), ir ao cinema sozinho era algo considerado muito estranho. Digo mais, era cosa de "tarado". Se eu chegasse em casa com a ideia de ir ver um filme sozinha, minha mãe logo iria ficar escandalizada, me alertar de todos os perigos dos tarados do cinema, e mais, me proibir de ir. Cinema, só com o namorado, paquera, ou amigos e família.

Aquilo me intrigava muito, pois, pensava eu: será que existe tanto tarado no cinema assim? E, mesmo existindo, se alguém tentasse me passar a mão ou algo do gênero, a sala provavelmente teria mais pessoas, era só dar uns gritos que resolveria, não?

Até que um dia, resolvi tomar coragem e fui ao meu primeiro cinema desacompanhada. Não lembro nem qual era o filme, mas a sensação, essa eu lembro sim. Fiquei tão tensa, pois tudo que vinha à minha cabeça eram as palavras de alerta de que era perigoso e coisa e tal. Antes de entrar na sala, parei na porta e olhei quem estava dentro, e com essa coisa de cadeira marcada, quem era que estava por perto de mim, se era homem, mulher, se estava sozinho ou se seria um tarado em potencial.

Passada a primeira experiência, ir ao cinema sozinha foi se tornando mais comum, e o medo ia ficando mais tranquilo, até um momento que foi substituído por cautela: até hoje nunca fui assediada em nenhuma sessão, mas sempre dou uma conferida se tem muita gente na sala, se o ambiente está tranquilo, afinal, precaução nunca é demais, e apesar de nunca ter me acontecido nada, já soube de pessoas que foram de alguma forma constrangidas em salas de cinema.

Mas, afinal, por que uma pessoa que possui amigos, família ou até um namorado iria ao cinema só?
Ir ao cinema sozinho é coisa de gente esquisita? Solitária? Claro que não! Existem várias razões pra isso. A primeira delas, e é a que pra mim é a mais relevante, é que é mais prático. Você quer ver o filme "x", você vai lá num horário que te é conveniente, compra o ingresso e assiste. Quando envolve outras pessoas, sempre tem aquela de "ah, mas fulano queria ver o filme tal, e só pode em tal horário" e tudo se torna mais complicado.

A segunda razão é que, às vezes ninguém quer ver aquele filme com você, ou está sem tempo, ou outras 'n" razões. E você vai deixar de ver um filme "de arte" ou não, que você quer muito pelo simples fato de não ter companhia? Não! Mesmo!

A última razão, é: você quer ir sozinho mesmo, por que sim, ué! Não tá a fim de contato humano, nem de comentar cenas do filme, quer ficar quietinho aproveitando seu filminho sem ser importunado por ninguém. Apreciar a própria companhia é muito bom! Muito agradável estar só em alguns momentos da nossa vida.

E, algo que me alenta no meio desse assunto todo, é que em minhas sessões solitárias vejo cada vez mais gente que chega desacompanhada. São homens, mulheres (muitas!), mais jovens, idosas, indo lá numa boa curtir o seu filminho com pipoca, independente de estarem com alguém ou não. E isso é lindo! As pessoas estão deixando de vez de lado o pudor de ser vista sozinha no cinema (ih, olha lá, la vem aquele (a) "loser"...a pessoa não arruma companhia nem pra ver filme! - uma coisa boa é que cada vez menos pessoas pensam assim, pois não tem nada a ver), e indo mesmo, sem medo de ser feliz. Afinal, é tudo sobre isso, né? Veja o seu filminho, sem precisar de ninguém, e seja feliz... e quando der e for conveniente para todos, ir ao cinema acompanhado também é uma delícia! Ir sozinho é que não precisa ser estranho como alguns pensam ou querem fazer ser...  ;)




12 de out. de 2015

sobre a hipocrisia reinante

moro em um prédio de poucos apartamentos, que não tem síndico, nem porteiro, e nem zeladores fixos. Emfim, cada morador faz sua parte, e não tem ninguem para vigiar.
A vaga destinada à mim na garagem é de difícil acesso e chata de manobrar, e confesso que às vezes fico com preguiça de colocar o carro nela.
então, descobri uma vaga mais fácil (que apesar de ser de outro apto), até onde eu pude averiguar e observar, nenhum carro utilizava.
assim sendo, algumas vezes passei a deixar meu carro nessa vaga. aí hoje para minha surpresa ao descer e ir até o veículo a placa do carro está vandalizada e amassada, arrancada. de início não entendi, mas depois associei: o dono da vaga fez isso.

aí eu me pergunto: ele não podia falar comigo? explicar que usa a vaga? pedir pra eu sair? naaaaaaaooooooo a educação, bons modos, cortesia e civilidade manda arrancar a placa do amiguinho, assim, de boa.

e quando eu chego na porta da casa do indivíduo, o que encontro? uma linda plaquinha com os dizeres

"eu e minha casa servimos ao senhor"

TÁ DI SACANAJIII NÉ COLEGAAA??????

jay cee e deus com certeza amaram a sua atitude!!!!!!!!!!


jesus aprovou seu comportamento


desisti de tirar satisfação e simplemente ignorei, pq né? mexer com crente hj em dia pode ser pior que mexer com bandido, isso qnd a mesma pessoa já não é as duas coisas. melhor deixar pra lá, se ele fez isso com minha placa, imagina com a minha cara? deus proverá.




26 de jan. de 2015

dis-ti-mi-a

conheci essa semana uma palavra nova: distimia.

segundo o dr. dráuzio e a wikipedia:

Distimia é um tipo de depressão crônica, de moderada intensidade. Diferentemente da depressão que se instala de repente, a distimia não tem essa marca brusca de ruptura. O mau humor é constante. Os portadores do transtorno são pessoas de difícil relacionamento, com baixa autoestima e elevado senso de autocrítica. Estão sempre irritados, reclamando de tudo e só enxergam o lado negativo das coisas. Na maior parte das vezes, tudo fica por conta de sua personalidade e temperamento complicado.

lógico que eu já acho, digo, tenho certeza que sofro desse transtorno, né? por que sério, estou quase sempre mal humorada, achando tudo um tédio, e não vendo nenhuma necessidade em viver isso tudo que somos obrigados (ou seria treinados?) a viver.

por mim eu passava o resto de minha linda vida vendo filmes, passeando, gastando dinheiro (que magicamente apareceria pra mim, hahahaha) e basicamente fazendo só o que eu gosto.

gente, pra que esse infortúnio de se arrumar? ir em lugares que você não quer só pra satisfazer convenções sociais? trabalhar, pra que? casar? ter filho? resumindo VIVERRRR????
milargaaaaaaaa......

pois é, enquanto isso, vamos vivendo e aguentando todas essas coisas que não gostamos e não queremos, e eu me pergunto: pra que?


28 de out. de 2012

sobre a música atual

Percebi que tornou-se lugar comum escutar alguém comentar ou postar em suas redes sociais a seguinte constatação:
"hoje em dia nenhuma banda presta, antigamente tínhamos cantores bons com letras interessantes, hoje só há essas bandas ruins que só cantam pornografia e besteiras!"

Olha, eu até entendo a revolta, mas leio esses desabafos e logo penso: mas, será que é isso mesmo?
Depois de refletir um pouco, cheguei à conclusão que não.

O que eu acho é que música ruim sempre existiu, existe e vai continuar existindo. Desde os tempos mais remotos podemos encontrar na nossa história musical marchinhas de duplo sentido, os mais variados bregas, sertanejos e músicas de gosto duvidoso e afins. Mas tendo notado o crescente número de reclamações, também outros fatos vêm à tona.

Acho que ao contrário de antigamente, nos dias de hoje o acesso à música é muito mais fácil. E a forma de difundi-la, cada vez mais poderosa: internet, televisão... Antigamente, quem gostava dos seus "breguinhas" e musiquinhas ruins,comprava um vinil, um k7, colocava lá na vitrola, escutava aquela rádio AM, ou até mesmo FM.

Temo afirmar que com o crescimento do poder aquisitivo dos brasileiros, muitos ganharam dinheiro, mas nem todos ao mesmo tempo adquiriram educação e cultura...e os que já tinham condições de comprar os aparelhos caros, nunca receberam essa educação...e aí é o festival de abusos que presenciamos hoje em dia.

Carros tunados, caixas de som que desafiam até os mais potentes palcos de show, e aparelhos de última geração que permitem que se escute música nas mais insuportáveis das alturas parecem ter invadido o nosso país.

Aliados à falta de fiscalização por parte das autoridades responsáveis (quase ninguém mais liga para a polícia para prestar queixa de barulho, por acreditar que não adianta), a falta de uma cultura musical mais refinada por parte dos donos desses automóveis e aparelhos gera essa onda de que a música brasileira de hoje não tem qualidade: ora, da forma como é exposta a música considerada ruim, ela é quase onipresente!
É escutada nos ônibus, na praia, nas festas de fim de semana, nas ruas, nos bares...e massivamente na televisão.

Enquanto isso,  os apreciadores da boa música quase sempre tem um ouvido mais sensível, e não gostam de volumes que ultrapassam os limites indicados para a boa saúde dos ouvidos. Além disso, possuem a educação doméstica que lhes diz que  aumentar muito o volume de um som não é cortês para com os seus pares.

Quanto à falta de músicas de qualidade nos dias atuais, também não concordo. Temos ótimos cantores, bandas e cantoras, só precisa um esforço a mais para conhecer, procurar e apreciar.

Claro que os exemplos aqui citados são generalizantes - há quem goste de forró e escute apenas para si e pessoas próximas...mas, bem...até hoje eu nunca presenciei um carro passando na minha rua que estivesse tocando Milton Nascimento, ou Debussy nos últimos decibéis...